HUECO TANKS

HUECO TANKS

Ainda não sei dizer o que esse lugar me ensinou, estou digerindo uma transformação. E pensar que eu cogitei nem ir pra Hueco. Poisé.

A verdade nua e crua é que Hueco Tanks não foi fácil pra mim. Eu tava puta da vida e triste porque no meio dessa história toda de viver o sonho e #vanlife eu tive a lesão mais bizarra da minha vida. Uma coisa na cervical que irradiou pro meu braço direito e me deixou dois meses com ele dormente

Sério, que revolta e que medo. O que então eu iria fazer em Hueco lesionada e fora de forma? Sem chances de pagar uma ressonância aqui, tudo caríssimo. Voltar pro Brasil? E aí o questionamento foi mais longe: O que é a minha vida sem a escalada? Bateu um vazio. Eu chamei de “o possível vazio de viver o sonho”. Pra que tudo isso? O quê que eu tô fazendo? Era tanto EU que EU comecei a me ver extremamente egoísta. Me vi também distante do meu propósito com a escalada, as coisas não estavam fazendo mais sentido. A certeza de estar no caminho certo tinha ido embora.

Mas o que são as emoções e as dores senão um movimento de questionamento e uma ferramenta mudança, cura e evolução?

Alguns dias de indecisão, uns dólares gastos em acupuntura e osteopatas e uma melhora apontava no meu horizonte. Finalmente resolvi ceder ao que a vida estava me mostrando. Let it flow.

Era quase Natal quando chegamos em El Paso, Texas. Aos poucos fui me conectando com o lugar, com o climb, com o inverno. Falando da escalada em si, Hueco Tanks é realmente sensacional. Muuuita qualidade, vários clássicos do mundo e a essência do lugar onde a cultura do Boulder surgiu. Impressionante e inspirador.

Minha escalada que não estava fluindo como eu gostaria, fato. E como isso pode mexer com o escalador é uma coisa surreal. Mas o que eu podia fazer? Lembrei de uma coisa que a Mara Imbellone me disse uma vez: “Eu e o Alê a gente escala e tá no pico quando a gente tá bem e quando a gente tá mal. Não tem essa de ir só quando tá bem não”. Maroca, esse ensinamento eu vou levar comigo pra sempre. Hahaha

Natal, Ano Novo, neve não esperada, muito frio, inverno. O duro inverno e o início da primavera. Nunca pensei que eu fosse morar tanto tempo no deserto.

Hueco Tanks foi exigente. Todas as cadenas e tentativas pareciam me por a prova e me fazer mostrar tudo o que eu tinha. E que ótimo! Como escaladora eu agradeço a oportunidade e o privilégio de poder ter estado nesse pico. Aprendi muito e me conectei de maneira mais profunda ainda com a escalada, com o sentido disso tudo que eu escolhi viver e com o que eu quero passar pra frente.

Estou grata por sair dessa temporada me sentindo não só uma escaladora melhor, mas uma pessoa melhor.

Mais uma vez: obrigada vida!

2019-04-23T17:20:21-03:00

2 Comments

  1. Philipe 25 de abril de 2019 em 19:43 - Responder

    Que demais, estou eu aqui desmotivado e vem uma história dessa que nos deixa com vontade de viver o climb freneticamente! Vamo máquina! Pra cima.

    • Jordana Agapito 30 de abril de 2019 em 17:38 - Responder

      Irado! Isso é VIVER o climb! Nos altos e baixos da vida que escolhemos viver. Pra cima sempre, máquina! Vamoooo

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