Não tenho tantas lembranças da minha infância, acho que ficaram as mais marcantes, ou as que eu escolhi para pautar minha caminhada.

Uma das coisas que eu mais gostava era andar de carro com meu pai, pra cima e pra baixo. Ele ama música e tinha um monte de fitas dentro do carro. A que eu mais gostava era a do Caetano, em que ele cantava:

“Caminhando contra o vento

Sem lenço e sem documento

No sol de quase dezembro

Eu vou”

Um dia saímos e deixamos o carro estacionado na rua, debaixo do sol escaldante que impera em Goiás. Quando voltamos, essa fita tinha derretido com o calor. Fiquei desolada, mas meu pai riu e me disse pra não me preocupar, que conseguiríamos outra.

Realmente não sei o que aconteceu depois. A fita derreteu, mas o sentimento que essa música me despertou persistiu: uma inquietude, uma vontade de descobrir e viver o que o mundo tinha pra me mostrar.

Da infância veio a paixão pelas estradas, pelas viagens e pela natureza. A sensação de liberdade, mas também de ser parte.

Nessas andanças, em busca de um lugar ou um jeito de colocar toda minha energia pra fora, me comunicar e expressar minha essência, me formei Publicitária e Marqueteira e por alguns anos segui essa carreira.

Tempos depois, a inquietude que parecia estar adormecida começou a reverberar em forma de questionamento e vazio. Identidade, construção, modelo de consumo, o que eu estava fomentando, onde eu estava, como estava vivendo e o que faltava. Perguntei e pedi para a parte mais profunda de mim mesma aparecer e me permitir conhecer.

Precisa me movimentar de algum jeito. O movimentosempre foi uma necessidade e movimentar meu corpo uma expressão disso. Fui procurando esportes e atividades que me traziam o que eu precisava e me permitiam expandir minha energia. Até então, nada demais. Nada tinha realmente me encantado, até que em 2012 tive o primeiro contato com a escalada e devo dizer que o esporte começou a dar vazão aos meus questionamentos. Desde então, sigo apaixonada pelo mundo outdoor e pelo lifestyle que esse esporte proporciona.

Foi um momento intenso de transformação e autoconhecimento que decidi aceitar quando a escalada surgiu. Eu sabia que era uma maneira de ir a fundo onde eu queria. Era a ferramenta que eu tinha nas mãos.

Tive acesso a mim mesma, consegui finalmente experimentar o que era inerente e me preencher de um outro jeito. Mais leve, amoroso, consciente e suave. Levei esse sentimento para minha vida e para as minhas relações e queria muito mostrar para as pessoas que elas podiam viver bem, viver melhor.

Eu me sentia viva de novo e queria aprender. Encontrei outras áreas de estudo que me chamavam atenção há algum tempo e uma porta se abriu. Terapias Energéticas, Yoga Plantas, Meditação… Mergulhei nesse caminho e me permiti escutar o chamado atuar nas Terapias e ajudar os que estavam próximos.

Caminho esse que, sem dúvida, o esporte foi responsável por acender e agora mantem a chama.

Em julho de 2016 me joguei na estrada com o pretexto de viver, escalar e aprender. O que eu não sabia era que esse caminho do mundo não tinha volta.

2018-10-04T12:53:21-03:00

Deixar Um Comentário