#VANLIFE (Parte 1)

Até agora: 8 meses, 10 mil milhas rodadas, 5 estados.

Mas muito mais do que estatísticas e itinerários, a vida na estrada é sobre SENTIR.

Há algum tempo eu já queria compartilhar mais sobre essa experiência maluca de morar dentro de um carro, mas ficava sempre me perguntando COMO. Isso porque pelo menos pra mim, um relato de onde eu fui, que boulder escalei e qual a próxima cidade é meio frio e vazio.

Viver na estrada é celebrar pequenas alegrias e aprendizados e também os (re)aprendizados.  É entender como se locomover dentro de um espaço que nem dá pra ficar em pé. Trocar de roupa, cozinhar, viver. Organizar um “guarda roupas” e um espaço pras comidas. Manter tudo limpo e habitável (COMO?).  Tudo precisa ser reinventado.

É pensar: “onde vamos dormir hoje?” e comemorar um monte ao achar a vaga perfeita no estacionamento do Walmart. Hahaha. Ou um lugarzinho gostoso na beira de um rio, ou do mar.

É se contentar com poucos banhos.

É atravessar o deserto, chegar em Las Vegas às 3 da matina e pensar “fudeu, não sei dirigir nessa cidade”.

É se questionar porque RAIOS eu resolvi fazer isso em vez de ficar bem quietinha no conforto do meu lar.

É sentir uma saudade dolorida dos amigos e da família.

É conhecer no caminho pessoas que querem muito ajudar: “fiquem lá em casa hoje, tomem um banho, lavem as roupas sujas.”

É sobre ter um companheiro que tá no mesmo barco, ou melhor, na mesma VAN que você.

É planejar e a vida rir da sua cara.

Você não escolhe a estrada, é ela quem te escolhe. Eu sinceramente não tinha o que fazer quando minha única vontade era ir. Aliás, continuar indo, porque o que era pra ser um ano viajando se transformou em dois, e agora são três.

“Deixe-me ir, preciso andar. Vou por aí a procurar…”

Eu que me sentia sufocada por anos em um escritório não tinha a menor condição de voltar praquela vida. Não mesmo. Isso era certo, mas acontece que quando você está dentro dessa situação, é muito desafiador. Primeiro porque somos, em um geral, afundados em conceitos do que é ter uma vida “normal” e o que você deve ou não fazer.  Segundo porque você pensa: vou viver do quê, ganhar dinheiro como?. Terceiro porque a mente é um quebra cabeça sem fim e cria mil hipóteses sobre o que pode dar errado.

Mas de verdade, naquele momento eu não estava nem aí pra nada disso. Hahaha. Porque minha alma vibrava de verdade e eu sentia que quem falava era meu coração. E isso é único.

Saí do Brasil depois de ter rodado quase todos os festivais da temporada de escalada: Ubatuba, Ouro Preto, Sabará e São Tomé das Letras. Feliz da vida, digirindo por aí, cantando alto no carro, agradecendo cada pôr do sol, cada sopro de vida. Tive pouco tempo pra me despedir da família, dos amigos e arrumar as malas. De novo. Foi tudo meio que de supetão, eu confesso. Mas eu estava tomada por um misto de ansiedade, euforia, certeza e coragem. E o mais engraçado: eu achava que sabia o que me esperava.

Macro plano pra viagem que era pra ser de 4 meses estava feito: voar pra LA, de lá ir pro Novo México comprar e registrar uma VAN, partir pro Colorado pra treinar 2 meses e depois escalar na rocha em Bishop e Hueco.

First step nada mal… Passar uns dias na praia em LA, dar um rolê na cidade e depois focar na missão de achar a VAN perfeita: em boas condições e que coubesse no orçamento. BORA!

Bom, comprar essa VAN foi meu primeiro grande aprendizado da trip. Não foi rápido como eu gostaria e isso significou gastar mais grana com hospedagem\ficar de favor na casa de pessoas\talvez atrasar o compromisso do coaching no Colorado/fic ar mais tempo sem escalar e isso já tava me enlouquecendo hehe.

Estar fora do seu país significa que as coisas não acontecem exatamente como você está acostumado ou imagina e negociar em outro idioma pode ser mais difícil do que parece. Hahaha Enfim, choque de realidade. Esses fatores mexeram minha ansiedade, confesso. Com meu controle. Coisas pequenas que te colocam a prova. Mas os desafios não dão a mínima para o que você sente, eles simplesmente aparecem pra você resolver. Aí você escolhe com qual estado de espírito irá resolvê-los.

LA no fim do verão foi uma delícia. Animada com tudo tudo novo. De lá, pegamos um trem pra Santa Fe, NM. Horas e horas de Craiglist depois, achamos uma que parecia ser interessante. Um pouco acima do orçamento, mas bom, vamos considerar. Uma CHEVY ASTRO VAN 96, toda insulada e já sem os bancos de trás, ou seja, perfeita pra colocar uma cama. Negócio feito, UFA!

A estréia foi como tinha que ser: colchão de ar comprado no Walmart, uma garrafa de vinho e ali mesmo passar a noite. Naquela semana fixamos residência em Taos, NM, uma cidade pequena com natureza exuberante em volta, alguns amigos e próxima de um pico de escalada no quartzito: Ortegas.

Escalada, banhos de rio, margaritas, muitos nachos e uma cama construída em uma tarde com madeira comprada no Home Depot. A cama não saiu exatamente como pensada, mas era uma cama! Malas embaixo, cooler pra comidas no meio dos bancos, uns containers, um fogão e uns utensílios. As novas definições de lar foram atualizadas.

Agora só falta emplacar a van e partir, certo? Errado. Ih, deu zica nos documentos. E agora? Ah, dá nada não. Pela lei dá pra ficar um mês rodando (SEM PLACA) antes de registrar. Então partiu Colorado! Treinar com Justen Sjong  e tentar conhecer alguns picos famosos. Mas isso é assunto pra próxima história. 😀

 

 

2019-04-05T13:20:47-03:00

4 Comments

  1. Gabriela 5 de abril de 2019 em 14:22 - Responder

    Muito legal Djordans!! Vai nos contando tudinho! Boa jornada!!

    • Jordana Agapito 30 de abril de 2019 em 17:36 - Responder

      Podexá, Gabiii! =*

  2. Joyce 23 de abril de 2019 em 22:19 - Responder

    Muito bacana a Ideia Van Life, eu estou projetando a Kombi Life rs, bateu curiosidade no seu projeto você viaja/mora na van sozinha?

    • Jordana Agapito 30 de abril de 2019 em 17:35 - Responder

      Incrível! Sim, estou em uma trip com meu companheiro há 8 meses morando na van e escalando em vários lugares nos EUA. Boa sorte no seu projeto e compartilha quando estiver rolando! Beijo

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